Nom se podem pôr cancelas ao mar

Que tempos som estes em que temos que defender o óbvio? Bertolt Brecht

Ninguém, nunca, afirmou que o processo de recomposiçom do nacionalismo que trouxo consigo o nascimento de Anova ía ser doado. Existiam diferenças. Existiam tradiçons que, se bem se conheceram já noutros espaços de combate cívico polos direitos e liberdades do país, nunca encontraram sinergias dentro da mesma organizaçom, ou polo menos nom todas elas. Existiam precedentes, como as conversas tripartidas (FPG, EI e MpB) para fraguar umha alternativa para as eleiçons nacionais de 2009, em que este último deixou o BNG. Hoje, felizmente, encontramo-nos num cenário muito mais interessante e também complexo do que o de há um ano, em que podemos somar a umhas maiores expectativas também umha maior responsabilidade. Se bem o passado 14 de julho trouxo-nos, nom isento de discrepáncias e de contradiçons, o êxito relativo e a importantíssima implosom de AGE –relativo porque nom fomos quem de expulsar Núñez Feijóo de Sam Caetano, importante porque foi quem de conectar com a maioria social agredida, e projetar-se também no futuro-, nesta I Assembleia Nacional jogamo-nos a criaçom de um marco de convivência respeitoso e estável em que cimentar a nova cultura que o nacionalismo e a esquerda da Galiza precisa para ser umha opçom hegemónica e solvente, tanto nas ruas como nas instituiçons, dentro da nossa sociedade.

Nesta I Assembleia Nacional jogamo-nos a criaçom de um marco de convivência respeitoso e estável em que cimentar a nova cultura que o nacionalismo e a esquerda da Galiza precisa para ser umha opçom hegemónica e solvente

Nunca insistiremos o suficiente, do meu ponto de vista, na necessidade de estabelecermos espaços de cooperaçom com os movimentos sociais e demais formas organizadas do nosso povo, que todos os dias encabeça a nossa dignidade coletiva diante da ofensiva neoliberal e centralizadora que sofremos como naçom. Pórem, nom só temos que defender um processo de democratizaçom de umhas instituiçons sequestradas polo estamento da porta giratória, senom que temos de iniciar um processo nacional constituinte para este país. Precisamos para isso partidos abertos e transparentes, em que a nossa sociedade encontre calor e trabalho para poder sair da atual situaçom de emergência nacional.

 

Três ideias-força centrais: frente ampla, partido-movimento e radicalizaçom na democracia

Nestes momentos AGE é a marca com mais reconhecimento a nível social, e os inquéritos assinalam que hoje ainda manteria o seu efeito multiplicador, capaz de fazer que muita gente trabalhadora nom fique na casa e decida apostar por ela

Na assembleia deliberativa de Anova encontrei-me com três ideias-força que considero importantes. Nom quero dizer com isto que sejam as únicas ideias que lá se defendérom, nem tam sequer que a minha interpretaçom sobre elas seja a única. Em qualquer processo político tenhem umha importáncia relevante os matizes, e nom se trata de construir um dogma compartilhado, mas um fio condutor sobre o que poder construir um comum denominador que nom for umha imposiçom de parte, mas umha soma de matizes para umha organizaçom que nasce para prevalecer durante anos.

A primeira das ideias tem a ver com a implosom de AGE. Nestes momentos é a marca com mais reconhecimento a nível social, e os inquéritos assinalam que hoje ainda manteria o seu efeito multiplicador, capaz de fazer que muita gente trabalhadora nom fique na casa e decida apostar por ela. Resulta evidente que se defendemos umha concepçom dinámica e reivindicativa da esquerda tem que ser algo mais do que um grupo parlamentar e que servir de altifalante para os diferentes conflitos sociais. Sem esquecermos também, como comentou recentemente Antón Dobao numhas jornadas em Teio, que o espaço conquistado nom se abandona.

Um discurso renovado que conecte com amplos setores sociais nom pode ocultar a necessidade de + esquerda num momento em que nos estám a roubar a democracia

Tem que ser um dispositivo ao serviço do partido-movimento, a segunda das ideias-força, que parte da diferença que existe entre organizaçom e comunidade. Enquanto em qualquer organizaçom o indivíduo é valorizado em funçom do que pode aportar ao interesse coletivo, a comunidade funda-se entendendo que a realizaçom individual é fundamental para sermos fortes e eficazes a nível coletivo. A forma-partido nom pode ser um instrumento burocrático, porque sabemos perfeitamente que sem oxigénio e crítica, sem contradiçons, qualquer formaçom pode oxidar-se e degradar-se, servindo unicamente para se reproduzir. E este perigo aparecerá de maneira flagrante a partir de 2015. As necessidades som claras, e se nom entendemos que a rua vai ser o cenário central da açom política seremos incapazes de estarmos à altura dos enormes reptos que temos por diante. Um discurso renovado que conecte com amplos setores sociais nom pode ocultar a necessidade de + esquerda num momento em que nos estám a roubar a democracia.

 

Democracia 2.0: ensaiar a lista aberta com correçom de número

Neste momento ensaiar o mecanismo da lista aberta é importante. Porque conecta com a sociedade que quer organizaçons transparentes. Porque é umha demanda da militáncia. Porque nom valem discursos paternalistas

Neste momento ensaiar o mecanismo da lista aberta é importante. Porque conecta com a sociedade que quer organizaçons transparentes. Porque é umha demanda da militáncia. Porque nom valem discursos paternalistas e as bases som maiores de idade, e parece que umha voz importantíssima dentro de Anova. Temos direito a errar, embora eu tenha a conviçom de que neste momento nom nos equivocamos. Se tenho de pedir algo falaria de listas abertas com mecanismos de correçom de género e de número, como dispositivo para começar a ensaiar umha nova cultura política.

E este é o terceiro grande repto, tem a ver com a radicalizaçom da democracia. A esquerda tem que se apropriar de um conceito sequestrado pola direita nos últimos anos, e pervertido como manto de seda em que camuflar o contragolpe conservador de um PP vanguardista na destruiçom do país e na precarizaçom da vida. Pensemos no que nos demanda a sociedade e ajamos em consequência. Nom vamos ter muitas mais oportunidades como esta.

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